Chorume acadêmico catalisado em crônica:
De imediato vale ressaltar que todo o escrito abaixo detém plano de fundo científico, haja vista ser a temática objeto de estudo deste acadêmico que vos fala. O que despejo aqui é apenas o que restou ou o que produzi, mas que não serve ao menos diretamente aos fins acadêmicos, e que sob a ótica da sustentabilidade, importa reutilizar (ou descartar em local adequado, se julgarem não servir para coisa qualquer). Lá vai:
Feito! Golaço do Brasil! Liberou a Fosfoetanolamina! Vai revolucionar o universo farmacêutico! Nunca se viu, “na história deste país”, medicamento com tamanha eficácia! Cura por si só todas as espécies de cânceres: nos rins, no pulmão, no estômago e pasmem: na POLÍTICA!
Sim meu amigo, minha amiga! Sabia, não? Éééééé... A última que usou e aprovou foi a dona PresidANTA! Costumeiramente utilizada pela via oral, a paciente valeu-se de aplicação “canetal” para atrair "antigolpes" ao seu “partido imunológico”. Há indícios de que pode reduzir sua reprovabilidade enquanto governista e quiçá curá-la do impeachment, vejam só! A bem da verdade, o medicamento só fora testado nela e por ela pela via “intracanetosa” e ainda não se chegou a um resultado conclusivo sobre seus efeitos para com o seu “inpeachmentumor” ou "câncer de impedimento".
Não... ‘péra’. Tá confuso... Vamos de novo: fosfoetanolamina na verdade NÃO É UM MEDICAMENTO. É, na real, um SINTOMA. Isso mesmo. Não estou louco ou enganado. Putz, agora complicou. Ishhh...
Explico 2: o país padece de um mal que há muito venho dedicando meus estudos: o vazio existencial do pós-modernismo que, como num ato de fuga, nos faz querer voltar a infância e acoplar elementos lúdicos à nossa “tão odiada” existência finita, material e física. Assim é que... Saber que a Terra é redonda e que orbita em torno do sol e de si mesma por uma força (impessoal) denominada gravidade, que nos “puxa para baixo” (sem amor, só física - sic) é mesmo menos interessante que declará-la plana, mas fruto de um Deus todo-poderoso que, com todo o seu amor, a fez para nosso uso e gozo, e que, nos amando, nos protege, e realiza nossos desejos à medida de nosso merecimento e clamor – lê-se, reza –, no melhor modelo de relação pai e filho.
Na certa a segunda estória nos encanta mais. O problema é tentar validá-la em função do encanto. De toda sorte, estorinhas fictícias, mas ‘bunitinhas’ são contadas para crianças, e não para adultos, estou certo? Pois é... A origem da perpetuação do comportamento infantil de que padecemos talvez comece por aqui: esquecemos de contar a verdade para a criança depois que mentimos, e elas crescem acreditando na carochinha, e pior: querendo validar seu conto de fadas sem saber e/ou não querendo saber se é possível e/ou como fazê-lo. O método de validação que utilizam? Ora pois, se o conto é infantil, a metodologia para validá-la não poderia ser outra senão a de jardim de infância: se não está como eu quero, eu grito, berro, choro, esperneio até conseguir o que desejo. Funciona? Depende do objetivo. O pai, o Estado muitas vezes veem-se obrigados a enganar a criança, pois tem como objetivo tão somente cessar o choro. Mentira contada, criança calada: problema resolvido.
Pior (ou melhor, dependendo do prisma) é que a mentirinha é bem aceita, como dito acima. E se a intenção é apenas calar a criança, Terra redonda, quadrada, triangular pouco importa: o que desejamos é que o infante, shhhh – “gigante” - adormeça. E ele também, pasmem, só queria dormir. Pobre. Não queria resolver problema qualquer. “É que ele começa assim quando tá com sono”, disse a mãe.
Tudo certo, mas o problema não foi solucionado. Assim... E à nós, adultos, o que resta depois que ela adormece? Suportaremos mais e mais fiascos da criança mimada que vimos crescer? Não se sabe até onde pode ir para obter suas vontades e nem tudo que ela anseia está dentro das nossas possibilidades. Não podemos mais atende-la e tampouco lidar com a sua rebeldia imatura. É, mãe, acho que vamos ter que educar a menina sociedade.
Que tal começar com um pouquinho de história e teoria? Vamos lá:
O Direito surgiu em face da natureza social do Homem que, instintivamente levado a interagir com seus semelhantes, percebe as vantagens de tal prática para a sua sobrevivência e, assim, a instituiu entre si. Dentre as interações havidas no meio social, podemos identificar três: a cooperação, onde indivíduos cooperam mutuamente para atingir a um fim; a competição, onde, com olhos a um fim de mesma natureza, dois ou mais indivíduos atuam paralelamente ao outro para atingir seus objetivos e deles usufruir, a seu modo; e o conflito, onde dois ou mais indivíduos, de olhos num mesmo objeto, simultaneamente visam tê-lo em detrimento do outro, em sentido perpendicular, por achar que a si e só a si pertence ou deve pertencer. Não raro, tais interações se mesclam no convívio social, por vezes coexistindo numa mesma relação e/ou uma originando-se da outra. O fato é que a relação verdadeiramente problemática ao meio social é a conflituosa.
Neste sentido, necessário se faz, ao convívio social, solucionar os conflitos havidos. Das modalidades de solução apresentadas historicamente a estes conflitos, podemos citar três:
1- A auto-defesa, onde não há terceiros intervenientes e a decisão é imposta na base do mais forte ou mais poderoso.
2- A auto-composição, que, prescindindo igualmente de terceiros intervenientes, soluciona através do diálogo entre as partes, que pode, de seu turno, resultar em desistência ou submissão de uma das partes ou em transação entre as duas, em que ambas cedem, simultaneamente, espaço ao interesse da outra.
3- Arbitragem (genericamente falando), onde neste caso há a intervenção de um terceiro que ouve ambas as partes e decide.
É de se ressaltar que as três modalidades sempre estiveram presentes na história da humanidade, em maior ou menor grau, à depender da época. Certo é, contudo, que a própria ideia de Estado tende a expurgar a primeira, especialmente por ser justamente uma das razões de sua existência reclamar a si, com exclusividade, o poder concedido pela terceira.
Com relação as origens do que conhecemos por Estado não desejo me aprofundar. Apenas ressalto que um de seus primos fundamentos de seu advir, pauta-se na constatação de insustentabilidade da autotutela.
E é acerca desta, portanto, que se viu necessário estabelecer um conjunto de regras capazes de garantir um mínimo de ordem e assim manter a segurança acerca dos atos alheios, pilar essencial, elementar da vida em sociedade. Ora pois, se 1- sociedade é a convivência de entes que interagem entre si num determinado espaço para um fim comum; 2- a interação só se torna verdadeiramente sustentável na medida em que se pode, ao menos minimamente, prever as ações e reações dos demais; e 3- a melhor maneira de prever se dá pelo estabelecimento de normas; Então 4- não há como existir sociedade sem normas. Ubi societas ibi ius, para os saudosistas pseudo-intelectuais. PAUSE NA AULA.
Se a "garotinha" sociedade clama pela relativização imoderada das suas normas para fins infantis, eis a anamnese, por si mesma elaborada, do próprio retardo: quer destruir justamente aquilo que lhe é elementar. Visa fulminar o que ainda não compreende fazer parte de si, como um bebê que morde o dedo por ainda não saber que o mesmo é nada senão parte de si mesmo, e cuja qual, ferindo-a, fere-se a si próprio. Problema grave, que não pode ser tratado de maneira leviana. Por sinal, cuidado aqui, pois tem muito "curandeiro" sentenciando, digo, receitando placebo e prometendo cura como se Doutores fossem.
É ilusório pensar que o problema do país é tal e tal processo ou ato (débil-) governamental como o recente. Tal qual inicialmente pontuado: todos eles em verdade são meros sintomas de uma patologia muito maior e mais profunda. Vivemos em tempos de incertezas, talvez em função de uma má assimilação da virada metodológica pós-moderna. Onde tudo se pretende relativo e o discurso é o meio único de validação. Pior que isso: de tanto o método, a forma, as regras sofrerem tentativas desonestas ou mesmo ignorantes (ou, por que não, infantis) de relativização, mesmo o discurso parece prescindir de metodologia própria. Em suma, estamos em fase de ganhar no grito. A Era do "eu quero porque eu quero'!
E é neste diapasão que funciona a" baby "sociedade brasileira.
Ocorre que a rebeldia de uma criança nunca repreendida e devidamente educada - lê-se, por pais que perpetuam igualmente os (não) ensinamentos de seus antecessores - tem nos levado à absurdos, por óbvio. Especialmente quando o título de adulto é concedido a milhares de nós. Há quem seja até diplomado em... Em..." Adultismo ", com Pós Doutorado em Vida Adulta - ou... Como chamam mesmo? Ah, sim, Ciências Jurídicas e Sociais - mas assim mesmo perpetuam comportamentos infantiloides como o exposto acima).
Recentemente a mãe permitiu que comesse" giz "(fosfoetanolamina), “pra não dar incômodo”! E como mimada que foi, agora a criança quer mais!" O menino está com sede, Jaime ". Em nada surpreendente, no seu delírio megalomaníaco, objetiva agora o gran finale (pasmem): depor a própria matrona do cargo de mãe (Dilmãe, para os íntimos)!
À tutora, resta de sua parte agora assistir de mãos atadas ao seu destronamento, vale dizer, colheita de um plantio histórico de negligência na criação do filho que, soberbo, intenta tomar seu posto. O que fará no poder um filho cuja sistemática baseia-se no"eu choro, eu brigo, eu esperneio, eu quebro pra conseguir o que quero”, só deus sabe.
Que algo por derradeiro fique dito: é bom aos “conselheiros tutelares de plantão” relembrar o antigo brocado familiar: uma mãe não cria seu filho sozinha. ^^
Indicações video-bibliográficas a quem, deseja melhor compreender oq digo e/ou mesmo comprovar que não estou louco ou mentido:
Introdução ao Direito - Antonio Bento Betioli
Teoria Geral do Processo - Cândido Rangel Dinamarco
Verdade e Consenso: Lênio Luiz Streck
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