Muito se fala sobre não comprar animais e etc. Acho certo em determinada medida. Sou radicalmente contra a venda de animais.
Por outro lado, se a ideia de defesa dos direitos dos animais visa
atingir um ideal de dignidade, o que pensar sobre aquele animal que
estava à venda? Apostar na projeção de que algum dia todos passarão a
adotar, culminando no fim das vendas de animais e/ou em alteração
legislativa que proíba tal comércio, influirá de quê forma e em quê
prazo na vida daquele animal em específico, que hoje encontra-se
enjaulado à espera de um comprador? Pagar o preço por ele, não seria,
igualmente, salvá-lo? Não comprá-lo com olhos no futuro e/ou na
coletividade é compatível com a importância dos seres enquanto
indivíduos, sujeitos de Direito e dotados de dignidade? I mean... O
termo dignidade foi utilizado inicialmente por Kant, que, conforme posso
explicar aqui de maneira bastante superficial, distinguia os seres
enquanto meio ou fim, onde seres dotados de fins em si mesmos não
poderiam ser pensados com olhos em qualquer objetivo que não o seu. A
estes, disse-lhes dignos ou portadores de dignidade. Aos que possam
servir como meio, disse possuírem preço. Até aqui, venda = atentado à
dignidade. Não comprar, porém, aquele cão, gato, periquito ou papagaio
na loja para que no futuro possamos não mais conviver com o problemas
como o abandono, por exemplo, seria, em determinada medida, atentar,
igualmente, contra a dignidade daquele animal, pois estaríamos
"sacrificando-o" para o bem dos demais no futuro. Utilizando-o como
meio, e não como fim. Questão paradoxal, haja vista que a própria venda,
com ainda mais clareza, como já dito, é atentatória à dignidade. Me
parece, contudo, q a compra não seria eticamente condenável se pensada
desta maneira.
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