domingo, 29 de novembro de 2015

COMPRA/VENDA DE ANIMAIS


Muito se fala sobre não comprar animais e etc. Acho certo em determinada medida. Sou radicalmente contra a venda de animais.
Por outro lado, se a ideia de defesa dos direitos dos animais visa atingir um ideal de dignidade, o que pensar sobre aquele animal que estava à venda? Apostar na projeção de que algum dia todos passarão a adotar, culminando no fim das vendas de animais e/ou em alteração legislativa que proíba tal comércio, influirá de quê forma e em quê prazo na vida daquele animal em específico, que hoje encontra-se enjaulado à espera de um comprador? Pagar o preço por ele, não seria, igualmente, salvá-lo? Não comprá-lo com olhos no futuro e/ou na coletividade é compatível com a importância dos seres enquanto indivíduos, sujeitos de Direito e dotados de dignidade? I mean... O termo dignidade foi utilizado inicialmente por Kant, que, conforme posso explicar aqui de maneira bastante superficial, distinguia os seres enquanto meio ou fim, onde seres dotados de fins em si mesmos não poderiam ser pensados com olhos em qualquer objetivo que não o seu. A estes, disse-lhes dignos ou portadores de dignidade. Aos que possam servir como meio, disse possuírem preço. Até aqui, venda = atentado à dignidade. Não comprar, porém, aquele cão, gato, periquito ou papagaio na loja para que no futuro possamos não mais conviver com o problemas como o abandono, por exemplo, seria, em determinada medida, atentar, igualmente, contra a dignidade daquele animal, pois estaríamos "sacrificando-o" para o bem dos demais no futuro. Utilizando-o como meio, e não como fim. Questão paradoxal, haja vista que a própria venda, com ainda mais clareza, como já dito, é atentatória à dignidade. Me parece, contudo, q a compra não seria eticamente condenável se pensada desta maneira.